quinta-feira, 1 de março de 2007
A DUPLA VONTADE DE MONSIEUR RAMOS - Conto Inédito I
Sou um homem muito estranho e com terríveis e abissais formas de emoção que às vezes quando se manifestam à superfície podem chocar muita gente. Vivi e assisti a inúmeros casos desses (claro que me deixaram sempre incomodado, uma vez em Nice abracei-me a uma palmeira pensando abraçar a Catherine Deneuve!) mas a história que eu vou contar passada toda num bairro típico de Lisboa é das mais sintomáticas pois como duas irmãs gémeas que entram num cemitério vazio de província ela lembra que a vida é mais singular e mais forte que a imaginação.Durante os quatro primeiros anos em que regressei ao país da confusão depois de um longo e produtivo exílio aconteceu-me passar longos meses fechado no meu pequeno apartamento a escrever tendo como única companhia o Tejo. O meu objectivo era regressar ao primeiro plano da literatura e foi assim que sacrifiquei muitas amizades. Durante o ano de 2002 mergulhei voluntariamente num longo romance sobre a minha cidade natal e durante esse período de tempo a minha concentração foi tão coagulante como a minha solidão. Saía só para meter cartas no correio, pagar alguma factura e claro, fazer compras em qualquer supermercado. Foi pois num desses pequenos supermercados de bairro que encontrei Sandra.
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2 comentários:
Já que ninguem comenta(espero que alguém leia...), comento eu: Que vivas tu Manel!
Por acaso eu li.E vim aqui porque também li o livro.
Não me lembrava nada do Mário de Sá Carneiro, confesso.
Foi muito divertido reler essa cena, passados estes anos todos.
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