quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

CARTA II

Vejo-vos nos concertos rock atracadas a esses finitésimos que só procuram o dinheiro como única velocidade de vida, vejo-vos nas bancadas dos estádios de futebol excitadas pela súbita camaradagem transudante dos vossos futuros esposos que vos largarão à primeira oportunidade em casa com as coxas alargadas, vejo-vos nas noites de Santo António e S. João procurando a chuva de estrelas da diversão anual onde só há queda de grandes meteoritos de frustração!
Sois tão sonhadoras que só sonhais com o mesmo sonho, casar com um homem rico, belo e estulto! Ou então com um primo que se suicidou na sua tenra maioridade!
Sois tão sonhadores que já escolhestes o nome da vossa companheira: chamar-se-á Sandra e terá dez cartões de crédito! Quanto aos pais são farmacêuticos!
Vejo-vos desamadas, indiferentes, desprogramadas, vejo-vos materializados até à rótula do bife, grosseiramente engordados nos pensamentos e nas obras, redondamente enganados mas felizes, e com eles plantados na testa, e mudo de passeio porque há muito tempo já que me divorciei da vida monogâmica, fácil e bacana!
Primeiro parêntesis purulento (Portugal --- porque é que as conas desaparecem sozinhas? --- não é um grande mistério).
Segundo parêntesis purulento (Vós não bebeis, engolis! Vós não falais, monologais! Vós não fodeis, gritais com medo e molhais por obrigação, ejaculais!).

Sem comentários: